AS IGREJAS PROSPERAM. A CULPA É DO DIABO!
Manoel Afonso – em 30/11/11
“A FÉ
REMOVE MONTANHAS...
INCLUSIVE DE DINHEIRO”!
Mesmo com o
diabo sendo o culpado, quem acaba “pagando o pato” é você. Cuidado com seu
bolso! Dependendo da Igreja é melhor nem levar carteira ou talão de cheques.
Se o problema era falta de igrejas, agora está
resolvido. Em cada quarteirão, principalmente da periferia, tem uma. Cada qual
com seu marketing! O único problema é o dízimo, cada vez mais exigido. Diz um
amigo, “desse jeito o pobre será excluído do paraíso”. O velho papo de que “...é
um sofredor, vítima de privações...” já era; não é mais aceito pela “nova ordem
religiosa”. Sem pagar esse pedágio não ganha o céu, e ponto final. É como na portaria
de cinema: não pagou, fica de fora. Não
adianta chorar!
Mas uma
característica é comum à maioria dessas igrejas: demonstram estar profundamente empenhadas em combater o
velho inimigo da humanidade, o diabo –
que apesar de ridicularizado nas piadas do dia a dia, nas revistas de humor e
nas fantasias de carnaval, parece estar em alta. E o “cara”, voltou a todo vapor. Até o presidente Hugo Chavez, ao discursar no
plenário da ONU, cismou que ainda sentia o cheiro de enxofre deixado pelo
“diabo Bush”. Como se vê, o diabo mete o chifre até nas relações
internacionais.
Quanto mais
falam dele, mais ele aparece! Agora o
capeta está moderninho; tirou os chifrinhos, as costeletas e cavanhaque. Como no
filme “O Advogado do Diabo”, aderiu a globalização, usa gel, ternos bem
cortados, notebook e celular. Tudo para seduzir os homens...e mulheres também. Não tem mais aquela imagem da época do nosso
catecismo que relatava a tentativa dele
em aplicar o “golpe da sedução” em cima de Jesus.
No fundo, no
fundo, é nossa a culpa pelo alto Ibope dele. É só algo dar errado e soltamos a
frase: “mas será o diabo”? É assim por
exemplo, quando não achamos as chaves do carro, os documentos pessoais, no
pênalti perdido, na bronca do patrão ou no prato predileto do forno que passou do
ponto.
Mas como o
diabo anda passando dos limites, botando o dedo em tudo, desde a cotação das
Bolsas, variação cambial, sorte nas loterias, auto estima pessoal, decisões
judiciais, avanço da medicina e indústria farmacêutica, generosidade do decote
do vestido e até no comprimento da saia, nada melhor do que contar com esse formidável
exercito de “salvadores da pátria” bradando palavras de ordem nos púlpitos
religiosos.
E nesta
guerra do bem contra o mal, vale literalmente tudo para sair da zona cinzenta
das “diabices”. Os milagreiros de
plantão nestas igrejas curam de unha encravada a câncer. Até mesmo para quem o
Viagra não faz mais efeito. Afinal, é preciso vencer o diabo, o causador destas mazelas, que aporrinha tanta gente que não consegue dar certo
na vida, nem mesmo após deitar no divã de psicanalista ou com ele próprio.
Se na Idade Média a Igreja Católica vendia
indulgências (lugar no céu) e promovia a Inquisição, o que ocorre aqui é a
versão tupiniquim da Teologia da Prosperidade, muito presente nos Estados
Unidos. Lá, o pessoal pega pesado, com a mídia sendo aliada importante para
arrebanhar multidões. E os aprendizes brasileiros têm se mostrado competentes nesta
atividade florescente: aproveitam da isenção de impostos, da generosidade do povo,
e constroem verdadeiros impérios.
Mas e os escândalos? Irrelevantes. Afinal, o
brasileiro não tem memória. Azar do diabo - sorte de seus “abnegados combatentes”. Aleluia! Aleluia!
Fonte: Solicitação de publicação via JOTFORM (http://www.jotform.com/form/3342932291).
Manoel Afonso é formado em Direito e atualmente atua como
jornalista escrevendo diariamente uma coluna no diariodigital.com.br
e no campograndenews em Campo Grande, MS. – contato: mcritica@terra.com.br
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